Anderson de Costa Paini

Defesa Pública: 29 de agosto de 2016

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Nilton César Fiedler UFES – Primeiro Examinador
Prof. Dr. Renato Cesar Gonçalves RobertUFPR – Segundo Examinador
Prof. Dr. Erivelton Fontana de Laat – UNICENTRO – Terceiro Examinador
Prof. Dr. Eduardo da Silva Lopes – UNICENTRO – Orientador e Presidente da Banca Examinadora

Resumo:

Com o aumento da mecanização, as operações de colheita de madeira passaram a ser executadas com máquinas modernas, melhorando as condições de trabalho quando comparado aos sistemas manuais. Entretanto, estas máquinas ainda podem oferecer condições ergonômicas desfavoráveis aos operadores em termos das dimensões internas do posto de trabalho, posturas corporais, movimentos repetitivos e emissão de ruído. Em função disso, objetivou-se neste estudo realizar uma análise ergonômica no posto de trabalho de máquinas de colheita de madeira, visando contribuir para a melhoria das condições de conforto, segurança e saúde dos operadores florestais. O estudo foi realizado nas áreas operacionais de colheita de madeira de uma empresa florestal localizada no município de Curiúva, estado do Paraná, em povoamentos de Pinus taeda L., e envolvendo 12 operadores das máquinas feller-buncher, skidder, processador e carregador florestal. A análise ergonômica no posto de trabalho contemplou as dimensões internas das cabines conforme a metodologia de Skogforsk, analisando seis parâmetros e enquadrando a cabine nas classes ergonômicas A, B, C, D e 0 (zero). Para a análise postural foram instaladas duas câmeras no interior das máquinas, sendo as filmagens visualizadas com o software MSShow e analisadas com a metodologia REBA (Rapid Entire Body Assessment) e RULA (Rapid Upper Limb Assessment). A análise de movimentos repetitivos das mãos foi realizada a partir das filmagens dos operadores no posto de trabalho com a utilização da escala de Latko, critério de Silverstein e método SI (Strain Index). O desconforto postural foi analisado com o emprego de um mapa de segmentos corporais adaptado de Corlett, por meio de entrevistas individuais aos operadores. Por fim, foi realizada uma análise da exposição ocupacional ao ruído com o uso de um audiodosímetro fixado na zona auditiva dos operadores, sendo os resultados comparados com o Anexo 1 da Norma Regulamentadora N° 15. Os resultados demonstraram uma classificação B para as cabines do feller-buncher, processador e carregador florestal e classificação C para o skidder. Quanto a análise postural, foram encontradas 7 posturas típicas adotadas pelos operadores em todas as máquinas, sendo a maioria destas posturas apresentando algum risco biomecânico ocasionado pela inclinação do tronco e pescoço, repetitividade de movimentos das mãos e punhos e permanência por longos períodos na posição estática. A escala de Latko classificou os movimentos repetitivos das mãos com escore 8 para o feller-buncher, processador e carregador florestal e 6 para o skidder, além do critério de Silverstein classificar todas as atividades como altamente repetitivas. O método SI apresentou pontuação de 20,3 para o feller-buncher, processador e carregador florestal e 9,0 para o skidder, demonstrando alto risco de Lesões por Esforços Repetitivos e/ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT). O mapa de segmentos corpóreos indicou desconforto na região dos olhos, mãos, ombros, joelhos e lombar, justificado pelo turno noturno, repetitividade e posturas inadequadas. Para o ruído, foram encontrados níveis 73 dB (A) para o feller-buncher, 82 dB (A) para o skidder, 68 dB (A) para processador florestal e 83 dB (A) para o carregador florestal, com nível de ação excedido ao recomendado pela legislação brasileira (80 dB (A)) para oito horas de trabalho) para o skidder e carregador florestal, sendo recomendado, portanto, o uso de protetores auditivos. Por fim, as condições desfavoráveis no posto de trabalho poderão provocar a adoção de posturas inadequadas com risco de LER/DORT, bem como danos ao sistema auditivo dos operadores florestais.

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