Regimes de Manejo para Hovenia dulcis Thunb. em Floresta Ombrófila Mista como Alternativa de Controle e Geração de Rendas
Carlos Henrique Boscardin Nauiack
Defesa Pública: 27 de maio de 2015
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Anadalvo Juazeiro dos Santos – UFPR – Primeiro Examinador
Prof. Dr. Edilson Batista de Oliveira – EMBRAPA – Segundo Examinador
Prof. Dr. Afonso Figueiredo Filho – UNICENTRO – Orientador e Presidente da Banca Examinadora
Resumo:
A espécie exótica invasora Hovenia dulcis, comumente conhecida no Brasil como uva-do-japão é uma contaminante de diferentes fitofisionomias no Sul do Brasil como: a Floresta Ombrófila Mista (FOM), Floresta Estacional Semidecidual e a Estepes Gramíneo-Lenhosa. Por ameaçar o equilíbrio natural das comunidades biológicas e os recursos genéticos do país, mecanismos de controle desta espécie devem ser buscados, a fim de se estabelecer estratégias conjuntas de mitigação dos impactos adversos causados nos ecossistemas, seja pela erradicação, controle ou monitoramento da invasão. No presente trabalho foram desenvolvidas propostas de manejo para Hovenia dulcis sob regeneração natural em fragmentos de FOM na região Centro-Sul do Paraná, visando o controle da espécie e a geração de renda aos proprietários rurais. Para isto, enumerou-se todos os indivíduos da espécie presentes nos fragmentos florestais localizados em 16 propriedades rurais. No total 904 árvores acima de 10 cm de DAP foram enumeradas e formaram o conjunto de árvores objeto do manejo. As árvores foram agrupadas em classes de diâmetro a fim de servir principalmente para a quantificação do estoque atual (ano de medição – 2012) e para determinar as árvores amostradas pela análise de tronco completa. Para o estoque atual determinou-se os padrões ótimos de corte dos fustes (volume serraria) de maneira individual, com o objetivo de maximizar o comprimento do fuste utilizável. O processo de otimização gerou um aproveitamento médio do fuste com dimensões para serraria de 96,36% e um volume para serraria total de 105,63 m3, pouco menos de um terço do volume total de 357,3 m3. Na elaboração das propostas de manejo utilizou-se como ferramenta modelos dendrométricos (hipsométricos, volumétricos e de afilamento) e biométricos (modelos de crescimento globais e modelos de árvores individuais) ajustados em função da idade observada (d = f (I)) e em função de uma escala de idades relativas (d = f (IR)). O banco de dados para o ajuste dos modelos dendrométricos contou com 80 árvores cubadas e, os modelos biométricos foram ajustados com 40 árvores amostradas pela técnica da análise de tronco completa. Os modelos ajustados apresentaram resultados adequados e coerentes quando comparados aos normalmente obtidos para as espécies que crescem em florestas nativas. Os modelos biométricos ajustados em função da escala de idades relativas geraram resultados superiores com R2adj de 0,82 e Sxy% de 14,5 quando comparados ao ajuste em função da idade observada, que apresentou R2adj de 0,59 e Syx% de 22,1. As propostas de manejo basearam-se em 3 métodos que, de diferentes formas buscam a maximização da receita, sendo a seleção das árvores determinada de acordo com a projeção do valor presente individual ao longo do horizonte de planejamento. Os métodos aplicados foram: maximização da receita (MaxR), maximização da receita balanceada (MaxR_B) e maximização da receita controlada (MaxR_C). Para cada um dos métodos simulou-se três variações no ciclo de corte (2, 3 e 4 anos) por meio do desenvolvimento e resolução do algoritmo de programação linear específico para o método. Em razão da diferença entre os objetivos finais de cada método, a avaliação foi realizada para os três diferentes ciclos de corte. Utilizou-se critérios técnicos e ambientais na avaliação do melhor ciclo de corte para cada método. O ciclo de corte a cada 2 anos foi superior nos critérios técnicos-econômicos para dois métodos (MaxR e MaxR_B). Por outro lado, o ciclo de corte a cada 4 anos foi superior nos critérios ambientais para todos os métodos. As propostas de manejo geraram resultados muito superiores quando comparadas aos resultados de uma exploração visando a erradicação no ano zero. As opções de manejo com a maior receita total e com o maior volume total quando comparadas com os resultados do estoque atual foram superiores em 44 e 60%, para a receita e volume total, respectivamente. Ao final, todas as propostas de manejo cumpriram com o principal objetivo inicialmente estabelecidos nesta pesquisa.