Projeto de pesquisa avalia benefícios do gesso agrícola na lavoura forrageira

Projeto de pesquisa avalia benefícios do gesso agrícola na lavoura forrageira

Um dos objetivos dos produtores rurais é aumentar a produtividade e a lucratividade. Visando uma produção sustentável na agropecuária, o professor Fabrício de Ávila, do Departamento de Agronomia da Unicentro, propôs o projeto “Atuação do gesso agrícola na ciclagem de nitrogênio pela aveia forrageira em sistema de rotação de culturas sob-plantio direto consolidado”. O gesso agrícola já é conhecido por promover o crescimento radicular das plantas em subsuperfícies, ou seja, na camada abaixo de vinte centímetros do solo. Essa prática, melhora a captação de água, proporcionando mais tolerância à deficiência hídrica, principalmente em períodos de veranico. Além disso, o gesso agrícola também melhora a reciclagem de nutrientes, principalmente dos nutrientes móveis, como nitrogênio e nitrato ao longo do perfil do solo.

Pensando nesses benefícios, o projeto propõe experimentar o gesso agrícola na lavoura de aveia forrageira em sistemas de integração lavoura pecuária, uma prática bastante utilizada na região sul do Brasil como cultura de inverno. “O objetivo da pesquisa é testar se a aplicação de gesso agrícola, a médio e longo prazo, pode melhorar a capacidade da aveia forrageira de reciclar o nitrogênio, que é levado até as camadas mais profundas do solo.”, explica Fabrício.

Aprovado pela chamada pública do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) no ano passado, a proposta tem por objetivo desenvolver os trabalhos durante três anos agrícolas consecutivos. O primeiro ano agrícola iniciou no verão 2014/2015 com a cultura da soja. Em seguida, passou para a cultura da aveia forrageira, lavoura que ainda permanece na área experimental. A próxima cultura será de milho ou soja. “No momento já foi cultivada a soja, já foi colhido e avaliado a produtividade, agora está em fase de análise dos teores de nutrientes nos tecidos da soja e também análises químicas do solo. Agora, a aveia está no campo e já foi feita as primeiras aplicações dos tratamentos de nitrogênio, algumas doses de nitrogênio, sem nitrogênio, com metade da dose para o cultivo da aveia, dose completa recomendada para o cultivo da aveia na região, portanto, está conforme o planejado até 2017”, ressalta o professor.

Ainda é necessário avaliar a aveia quanto à qualidade nutricional e a ciclagem de nitrogênio do solo para saber, de fato, se a implementação do gesso agrícola foi benéfica para a planta. Mesmo sem a avaliação, já é possível ver resultado. “No momento, verificando no campo o aspecto mais visual da aveia, pode-se perceber que parece que o gesso está contribuindo para a nutrição nitrogenada da aveia em alguns tratamentos, mas esse é mais um aspecto visual, mas para falar isso com mais certeza, precisa fazer as análises que virão em sequência”.

O professor ainda destaca que, com esses estudos, pretende-se fornecer subsídios que propiciem o desenvolvimento de estratégias de manejo de solo para o cultivo de culturas forrageiras. Por enquanto, é comum o uso somente do calcário, que fazia a correção do solo na camada superficial. Com o uso do gesso agrícola, aliado ao calcário, é possível chegar à subsuperfície do solo. Por isso, ele ressalta que o gesso agrícola não substitui o uso do calcário. “O gesso agrícola tem outro objetivo que é amenizar o efeito tóxico do alumínio em solos ácidos que se encontra na camada abaixo dos 20 centímetros. Se só aplicamos calcário, a camada superficial, de 0 a 20 centímetros, vai propiciar boas condições para o crescimento do sistema reticular, mas a camada abaixo dos 20 centímetros ainda está não favorável ao crescimento das raízes. É nesse ponto que entra o gesso agrícola, para melhorar o crescimento radicular em subsuperfície”.

Todo o trabalho de pesquisa é realizado em uma área Latossolo Bruno, na região de Guarapuava. A equipe conta com os coordenadores do projeto, alunos de graduação e um aluno de doutorado. Uma parceria com a Universidade Federal de Lavras deve permitir que algumas análises sejam feitas fora da Unicentro. Esse empenho na realização da pesquisa deve trazer benefícios especialmente para pequenos e médios produtores. “Isso vai mostrar melhores alternativas de manejo do sistema, considerando o sistema de cultivo como um todo, grãos na época das águas, no inverno, produção de forragem com a aveia forrageira, mostrando a capacidade do gesso de trazer benefício visando aumento de produtividade e melhor retorno econômico”.

O professor Marcelo Marques Lopes Muller, que coordena o projeto junto com Fabrício, destaca a importância da aprovação do projeto, “No caso desse projeto, foi aprovado por um professor colaborador que já tem uma carga horária bem pesada de sala de aula dando algumas disciplinas semestrais. E quando nós temos um colaborador com essa qualidade, vemos uma diferença muito grande. Uma pessoa que vem para trabalhar na universidade com contrato temporário, mas que tem essa formação, pensando também na carreira em pesquisa vem para somar muito mais”.

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