Pesquisas na área de biodiesel projetam professor de Química e a Unicentro

Pesquisas na área de biodiesel projetam professor de Química e a Unicentro

Uma pesquisa desenvolvida na Unicentro esteve em evidência, recentemente, no G1, o portal de notícias da Globo. O trabalho em destaque é desenvolvido pelo docente André Lazarin Gallina, do Departamento de Química da instituição, em parceria com pesquisadores do câmpus Realeza da Universidade Federal da Fronteira Sul. O estudo, inédito no Brasil, é voltado à produção de biodiesel a partir do óleo das sementes da seringueira.

As pesquisas nessa área iniciaram em 2018, quando a empresa Kaiser Agro, que é voltada ao desenvolvimento de florestas produtivas, procurou a universidade em busca de uma solução que desse um destino adequado e útil às sementes, tendo em vista que o processo de decomposição prejudicava o desenvolvimento da vegetação. “Essas sementes caem uma vez ao ano no solo. E, aí, eles tinham que recolher essa semente porque notaram que, depois que essas sementes caíam, o solo ficava ácido e tinham que fazer a correção porque alterava o PH”, rememora André.

Objetivo da pesquisa é produzir biodiesel a partir da semente da seringueira (Foto: arquivo pessoal)

A demanda foi acolhida pelo grupo de pesquisadores, que já trabalhava na área de energias renováveis. Os estudos mostraram que as sementes tinham grande quantidade de óleo. A partir da extração e da análise desse material, conta André, o grupo teve o desafio de encontrar uma maneira de reduzir a acidez do óleo e adequá-lo para se tornar biodiesel. Os resultados obtidos foram positivos, rendendo ao grupo a publicação de um artigo científico em uma revista de grande fator de impacto na área de bioenergia e o depósito de patente no INPI, que é o Instituto Nacional da Propriedade Industrial, e no PCT, o Sistema Internacional de Patentes.

Desenvolvemos um processo em que reduzia essa acidez em mais de 99%. Um resultado extremamente bom. O biodiesel que nós produzimos foi mandado para um laboratório certificado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) para realizar os testes de qualidades e os resultados que voltaram de lá foram bem interessantes e satisfatórios no sentido do potencial que esse biodiesel tem para comercialização, já que ele tem uma boa qualidade e poderia ser comercializado”, explica o pesquisador.

Os reflexos positivos do trabalho desenvolvido não pararam por aí. No ano passado, a pesquisa também foi a vencedora do prêmio Paulo Gonçalves de melhor artigo científico, promovido pela Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha. A premiação possibilitou que André, representando o grupo de pesquisadores, viajasse para a Malásia para participar de um evento promovido pelo International Rubber Research and Development Board, o Conselho Internacional de Pesquisa e Desenvolvimento de Borracha. “Visitamos várias coisas, fábricas de látex, fábricas de pneu e várias fazendas de seringueira. Aprendemos sobre doenças de seringueira. Enfim, várias atividades que faziam parte desse treinamento. Devido a essa premiação, participamos desse treinamento e, também, ao final desse treinamento, tinha um evento, o maior também da área de seringueiras do mundo, que é o IRC, e também tivemos a oportunidade de apresentar lá o projeto do biodiesel”, detalha.

Trabalho rendeu a André participação em treinamento na Malásia (Foto: arquivo pessoal)

Os bons resultados já alcançados permitiram que o grupo fizesse novas projeções para o trabalho. Também no ano passado foram assinados novos termos de cooperação técnica com a empresa Kaiser Agro, o que deve permitir que novos projetos sejam desenvolvidos. “Agora vamos desenvolver mais de treze projetos. Antes eram três, agora estamos em treze. Alguns deles são relacionados à otimização desses processos já desenvolvidos, com a ideia de produzir mais usando menos reagentes, usando menos tempo, temperatura, enfim, fazer otimizações dessa parte – além da exploração em outras áreas que também começamos a desenvolver agora”, complementa o docente.

Para André, enquanto pesquisador, ver o trabalho obtendo bons resultados científicos e dando retorno positivo ao produtor e à indústria é motivo de comemoração e de ânimo para, cada vez mais, avançar com os estudos. “O que é mais gratificante mesmo é saber que estamos aqui dentro da universidade fazendo pesquisa e que isso chega e muda a vida das pessoas.  Eu acho que essa é uma das nossas atribuições como universidade, como pesquisadores, resolver esses problemas reais da sociedade. Então, juntando tudo isso, pode-se dizer que isso representa muito para mim, pelo que eu acredito ser como pesquisador”.

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